Arqueologia subaquática revela riquezas dos naufrágios no Brasil
A história do naufrágio do galeão Santíssimo Sacramento conta também a história da pesquisa arqueológica subaquática no Brasil. Enquanto o mundo já desenvolvia a pesquisa de campo com mergulhadores arqueólogos treinados, o Brasil ainda dependia exclusivamente de mergulhadores sem formação acadêmica na área.
A história do Galeão Santíssimo Sacramento
Assim que foi descoberto o local exato do naufrágio por pescadores, em 1976, o naufrágio sofreu com intensos saques realizados por curiosos e caçadores de relíquias. Tantos anos guardados pelas aguas e de repente objetos como faianças, um tipo porcelana comum no período de 1600, instrumentos de navegação e até canhões de bronze foram retirados do mar e destituídos de sua história.

Na noite de 5 de março de 1968, prestes a finalizar sua viagem, a capitania da frota da Companhia Geral do Comércio do Brasil, de origem portuguesa se chocou no banco de areia do monte Santo Antônio, conhecido hoje como o Farol da Barra – Forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador, Bahia. Além de objetos, trazia entre oitocentas e mil pessoas, das quais só sobreviveram cerca de setenta, após uma angustiante noite a deriva pela foz do rio Vermelho.
Os resgates no sítio arqueológico submerso
Para proteger a história e o que restou do naufrágio, a Marinha do Brasil realizou uma ação de resgate sob a orientação do arqueólogo historiador, Ulisses Pernambucano Melo Neto, em 1979. Na ocasião, o pesquisador não mergulhou. Orientou do barco o trabalho dos mergulhadores. Apesar de todos os esforços, esta alternativa deixou algumas dúvidas sobre o mapa do sítio submerso – o desenho com a localização dos objetos encontrados. Questões que foram revistas em 2015 e 2016 por Rodrigo Torres, arqueólogo brasileiro, doutor pela Universidad de la República Uruguay. Além de revisar as informações de 40 anos antes, o novo estudo se propunha a atualizar dados e avaliar as alterações causadas por ações ambientais humanas.
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A nova revisão arqueológica pela pesquisadora Beatriz Bandeira
O trabalho da doutoranda pela Universidade Federal do Sergipe, Beatriz Bandeira, entre 2019/2020, além de uma nova revisão dos dados, aprofundou os estudos sobre os objetos retirados pela Marinha em 1979, com a finalidade de identificar as histórias a eles relacionadas. Com mais de dois anos de mergulhos quase diários a 32 metros de profundidade, a nova pesquisa traz um olhar exaustivo e minucioso sobre a história deste que é o mais significativo naufrágio da costa brasileira.

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